Havia uma alfaiataria em Londres, em Piccadilly, na rua onde se concentravam os melhores alfaiates, que muito impressionou Augusto Brandão, no início do século XX. Alguns anos volvidos dessa viagem, e alguns projectos apresentados à Câmara de Lisboa, a sua alfaiataria de sonho abre finalmente.
Estamos em 1918 e nasce a Londres Salão.
O nome não só era uma evocação à inspiração londrina, enquadrava-se no gosto da época, ou seja, numa tendência bem visível nas ruas limítrofes de se associar a tudo o que fosse francês ou inglês.
A uns poucos quarteirões estava o Old English, e na mesma rua portas abaixo, a Sapataria Lord ou a Camisaria Pitta, outras duas lojas com clara predileção anglófona na sua decoração e ambiente.
É mais tarde,
em 1950, que a família Quadros - os actuais proprietários -
compra a alfaiataria e a transforma numa casa de tecidos. Mantém-se fiel à linhagem inglesa, conservando a loja como ela estava, com a elegância que lhe atribui o mobiliário em macacaúba escura, ou a legitimidade dos brasões de armas de Inglaterra, ao fundo da loja. Onde procurou inovar foi na oferta, procurando a cada estação ter sempre e antecipadamente uma selecção de gama-alta de tecidos, sedas naturais, brocados, piquets, linhos e lantejoulas.
Para encontrar essa harmonia a Londres Salão tem incluso um vitrinista, algo que é raro encontrar noutras lojas tradicionais. A propósito de montras, conta-se até que em 1957, aquando a visita da rainha Isabel II a Portugal, a montra foi especialmente decorada com réplicas das jóias da coroa de Inglaterra, atenção que terá caído bem à monarca.
O diálogo com as últimas tendências é mantido pelos recortes de revista que pontuam tanto as montras quanto os expositores dentro da loja, materializando de alguma forma as imagens de sonho apresentadas. De imediato se tem alguma coisa em comum com as mulheres sempre deslumbrantes das revistas e das passarelas: o tecido. Não é tudo - mas é um começo! - dirá uma optimista vaidade.